Incêndio no Hospital Badim: por que ainda não conseguimos prevenir tragédias?
A falta de cultura de segurança nas organizações ainda é uma realidade. A tragédia no Hospital Badim, no Rio de Janeiro, em 12 de setembro. Evidenciou que ainda há muito caminho a percorrer para que possamos reduzir ao máximo os riscos e garantir o bem-estar nas empresas. Nunca é demais lembrar que foi o quarto grande incêndio que ocorreu somente na capital fluminense no período de um ano. Em setembro passado, o fogo consumiu a maior parte do Museu Nacional; em novembro, cinco vidas foram perdidas no incêndio do Hospital Municipal Lourenço Jorge; e, em fevereiro, o incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo resultou na morte de dez jovens atletas.
A perícia já constatou que o incêndio começou com um curto-circuito no gerador no subsolo, espalhando focos e fumaça aos demais andares do prédio. Em se tratando de uma instituição de saúde, a vulnerabilidade dos pacientes tornou a situação ainda mais dramática e 14 pessoas. Todas idosas, perderam a vida, sendo que nove funcionários foram internados. Momentos de pânico e terror para todos, ocupantes, colaboradores, vizinhos e bombeiros.
A Atualização das Normas
Desde agosto passado, está em vigor uma legislação mais moderna sobre as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para proteção contra incêndios e também para projetos de construção e reforma em hospitais. A questão é que levamos 43 anos para atualizá-la. Portanto, levaremos ainda mais alguns anos para que as instalações possam atender às atuais exigências.
Os hospitais apresentam alto risco de incêndio. Pois as instalações elétricas são complexas, há geradores de diesel, aparelhos de ar-condicionado e depósitos de produtos inflamáveis usados na assepsia do ambiente. Tudo exige atenção especial.
As circunstâncias são agravadas pela dificuldade da desocupação. Dado que os pacientes, em boa parte, estão fragilizados e, muitas vezes, inaptos a escapar por conta própria do fogo, podendo ainda estar ligado a equipamentos vitais a sua sobrevivência.
No caso do Badim, que tinha licença em dia do Corpo dos Bombeiros, há uma série de perguntas com respostas em aberto: existia um plano de emergência para evacuar o prédio? Foi feito treinamento adequado de pessoal? Havia uma brigada de incêndio preparada para situações de risco? O gerador, que ficava no subsolo, estava instalado adequadamente? Havia manutenção dos equipamentos? Extintores? Os exaustores estavam funcionando? Havia portas corta-fogo?
Técnicos e agentes da Polícia seguem investigando as circunstâncias do incêndio. Mas é importante que tenhamos em mente a importância de prevenir. Fatalidades acontecem. Porém, quanto mais reduzirmos as chances de que ocorram, mais estaremos cuidando das pessoas, do próprio futuro da empresa e da sociedade em geral.
O que fazer para prevenir incêndios em hospitais?
Primeiramente há os aspectos legais a serem observados. O Corpo de Bombeiros tem exigências quanto às instalações prediais e até sobre as instalações de geradores, que dispõem de regras específicas. Como a de serem abrigados em lugares resistentes ao fogo. Com acondicionamento do combustível em tanques adequados e em quantidades específicas e seguras.
A partir da aprovação do projeto do prédio. Há uma posterior verificação para checar se todas as instalações atendem às solicitações dos Bombeiros. Um ponto importante: só as empresas registradas no Corpo de Bombeiros podem executar obras de prevenção de incêndios, tanto a parte de projeto quanto a de construção.
Outro ponto de prevenção são os monitoramentos em áreas mais sensíveis da organização. Por exemplo, o ponto de armazenamento de combustíveis tem ferramentas acessórias. Como monitoramento de câmeras e sensores de fumaça. Para garantir e proporcionar um tempo extra em casos de combate a incêndios. O próprio sistema de chuveiros automáticos, os sprinklers, também ajuda na cobertura, mesmo que a obrigatoriedade do sistema no prédio dependa do tipo de instalação.
A RHMED|RHVIDA: treinamento de pessoal é ponto-chave
Mais um ponto crucial é o preparo das equipes durante uma situação de emergência. É fundamental um plano de emergência, de contingência, que determine os pontos sensíveis da empresa quanto a possíveis focos de incêndio, determine qual equipe precisam ter para esse tipo de capacitação (brigada de incêndio) e simulações periódicas de evacuação do prédio para todo o conjunto de colaboradores. Saber de que forma retirar os pacientes do hospital, principalmente os que se encontram em CTIs, é essencial para preservar vidas.
Mesmo que todos os processos juntos ao Corpo de Bombeiros e/ou as instalações estejam adequados. O treinamento é ponto-chave que precisa ter investimento, que necessita estar na cultura de empresas e dos colaboradores.
Alarme de incêndio; iluminação de emergência; portas corta-fogo, sinalização de saídas e escadas; extintores em dia; e cuidados especiais com a forração de tetos e paredes, com materiais resistentes às chamas são algumas das medidas básicas para evitar incêndios.
Na verdade, precisamos pensar mais além. É necessário, como se faz no Japão, tratar de casos de emergência desde pequenos. Já nas escolas, para que essa forma de prevenção se torne algo natural na vida das pessoas, faça parte da cultura. Ainda temos muito que avançar e, quanto antes tomarmos as decisões certas e abraçarmos responsabilidades, mais vidas serão poupadas.
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