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Fake news geram danos de reputação e crises financeiras

Fabricadas por pessoas e por grupos mal-intencionados, as notícias falsas são capazes de enganar e modificar a realidade. E, dentro das corporações, o impacto das fake news não é diferente.

“A modificação do passado é necessária por duas razões, uma das quais secundária e, por assim dizer, preventiva. A razão secundária é que o membro do Partido, tal como o proletário, tolera as condições vigentes em parte porque não dispõe de termos de comparação”. O trecho é da obra 1984, de George Orwell, e refere-se ao dever do Ministério da Verdade, responsável por falsificar registros históricos a fim de atender aos interesses do Grande Irmão, ditador e líder do Partido.

A história, que se passa na Oceania de 35 anos atrás, reflete parte do cenário atual de fake news. Mesmo não estando entre os temas estratégicos das empresas, a maioria (85%) manifesta preocupação com as notícias falsas, embora acredite que eventuais riscos possam ser mitigados ou evitados. O dado é do estudo “Fake News: Desafios das Organizações”, da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), realizado a fim de compreender a dimensão do problema causado pela disseminação de notícias falsas dentro do ambiente de trabalho. O levantamento foi feito, entre 27 de fevereiro e 4 de abril de 2018, por meio de autopreenchimento em sistema online, com 52 empresas.

Guerra de narrativas

Segundo Hamilton dos Santos, diretor geral da ABERJE, se levarmos ao pé da letra, essas notícias não são novidades. “As fake news acompanham a indústria da comunicação desde os primórdios. A imprensa aprendeu a lidar com as notícias falsas, já que ela sempre contou com seus protocolos jornalísticos”, diz. Para o executivo, as fake news ganharam maior visibilidade, nos últimos tempos, por conta da guerra de narrativas. “A produção de fake news retroalimenta o conflito de opiniões”, afirma.

Tanto as organizações (35%) quanto os setores em que atuam (46%) já foram alvos de notícias falsas. De acordo com a pesquisa, para as empresas, os principais impactos relacionados à publicação e disseminação de fake news são: danos à reputação da marca (91%), à imagem da empresa (77%), à credibilidade da organização (40%), à imagem do setor (28%) e à reputação da liderança (13%); e perdas econômicas e financeiras (40%).

Propagar um informação falsa como verdadeira, para Antonio Martin, chief executive officer (CEO) da empresa de inteligência em saúde e de segurança no trabalho RHMed RHVida, pode fazer com que os colaboradores entrem em quadros de ansiedade e de depressão. “O diálogo claro, amplo e objetivo é fundamental para minimizar os impactos das fake news no ambiente corporativo”, fala.

O poder das mídias digitais

Os principais canais de acesso à informação, segundo o estudo, são jornais e revistas online (74%), jornais impressos (67%), revistas impressas (39%), agências de notícias (39%), mídias sociais (28%), televisão (22%) e blogs e fóruns onlines (2%). Os respondentes da pesquisa acreditam que as mídias digitais são as que mais publicam fake news.

Além disso, o compartilhamento de notícias entre entes pelas redes sociais é visto por 47% da incidência de fake news. “A produção de informação fugiu do controle por conta das redes sociais. Assim, o consumidor passou a ser um produtor de conteúdo, porém, sem os controles necessários de checagem”, clarifica Hamilton.

No entanto, Ana Paula Tavares, CEO e fundadora da Aporama, empresa parceira da RHMED|RHVIDA, focada em marketing digital, as rede sociais também se tornaram agentes importantes no combate e controle de informações falsas. Em março deste 2018, o Facebook lançou vídeo sobre fake news. A campanha lançou um vídeo aconselhando a não acreditar em tudo que leem na internet. Confira:

Rigor na checagem


Para o diretor geral da ABERJE, as empresas estão buscando profissionais de análise que entendam o impacto das notícias falsas. “É preciso aumentar o rigor e criar alternativas de checagem. Campanhas de conscientização também são importantes”.

No futuro, Antonio acredita que os colaboradores terão consciência de que é imprescindível chegar notícias. Já a Ana alerta a necessidade de mais pesquisas para entender os sistemas existentes. “Observamos o crescimento de bots compartilhando conteúdos falsos, influenciando a opinião da sociedade sobre assuntos sensíveis”

Por exemplo, para Hamilton, será preciso lidar com outros problemas, as deepfakes, conteúdos fraudulentos criados por meio de inteligência artificial (IA). “Será, cada vez mais, difícil distinguir a realidade com o mundo virtual”.

 

 

FONTE: MEIO E MENSAGEM

Como combater as fake news no ambiente de trabalho?

A prevenção de acidentes e doenças causadas pela rotina laboral não deve ser o único aspecto observado. Os tempos digitais trouxeram a reboque o fenômeno das fake news. Que têm potencial para afetar o bem-estar dos colaboradores e até mesmo respingar na imagem e na reputação de empresas. Não são apenas as fofocas internas em canais digitais. Mas, informações externas sobre temas delicados, que mexem profundamente com a psique e as relações interpessoais.

Cada organização tem seus próprios códigos internos, permitindo ou não o uso das redes sociais durante o expediente. Mas a verdade é que grande parte da comunicação corporativa se faz atualmente por meio de WhatsApp. Mesmo o Facebook e o Instagram funcionam, muitas vezes, como ferramentas profissionais. Sem contar que o funcionário já chega para a jornada de trabalho “contaminado” por informações nocivas e infundadas.

Então, já parou para pensar se sua empresa está preparada para lidar com essa situação?

 Empresas estão atentas. Mas preocupação apenas não basta

Recente estudo da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) revela que, apesar de 85% dos executivos estarem inquietos com o avanço das fake news, apenas 20% declaram saber dimensionar e administrar os efeitos das notícias falsas em suas empresas. Com participação de 52 organizações, tanto nacionais quanto multinacionais, a pesquisa mostrou que 67% das corporações não incluem as fake news em temas estratégicos e apenas 20% se motivaram a formar um departamento ou contratar serviços externos para acompanhá-las.

Entre os principais impactos das fake news citados na pesquisa estão os danos à reputação da marca. Danos que, não raramente, podem resvalar em perdas ao patrimônio da empresa. Fake news sobre gestores ou funcionários das empresas ou ainda em relação à situação da organização no mercado também deflagram sensação de desequilíbrio e insegurança.

Hora de identificar e mitigar riscos

A RHMED|RHVIDA recomenda sempre a prevenção como aliada para encarar qualquer problema. O diálogo entre gestores e equipes é o primeiro passo. Deve existir um canal interno, ágil e confiável, capaz de transmitir informações corretas, sanar dúvidas e disseminar tranquilidade no ambiente de trabalho. É importante também que os líderes diretos estejam abertos ao diálogo e disponíveis para esclarecer dúvidas. Os funcionários precisam se sentir seguros e respaldados pela corporação na qual trabalham.

A rotina de circulação de informações relevantes às equipes sempre cria um ambiente de segurança. Elas sabem que têm acesso a informações confiáveis e que podem recorrer aos seus superiores para quaisquer esclarecimentos.  Não basta se preocupar somente com as questões internas, como fofocas ou mal-entendidos, mas com questões mais amplas que possam repercutir na saúde da empresa. Exemplos: as notícias falsas sobre as contraindicações de vacinas, alimentos contaminados ou alertas infundados sobre arrastões nas imediações, entre outros.

Engajamento da equipe legitima prevenção

Para evitar ambientes tóxicos, incentivar as relações interpessoais entre funcionários traz resultados promissores. Eventos conjuntos, dinâmicas, disputas esportivas, almoços, enfim, atividades que valorizam a proximidade e o contato humanos. Palestras e discussões sobre questões da atualidade, como tolerância, diversidade, saúde etc, podem agregar sentimentos positivos às equipes.

Engajar as famílias dos colaboradores no processo também pode fazer parte da estratégia. Mostrar em palestras ou encontros como identificar notícias falsas e a importância de não repassá-las é uma contribuição, em médio e longo prazo, para a saúde da empresa e da sociedade em geral. Também é importante fazer com que os colaboradores percebam os malefícios de, mesmo fora do ambiente de trabalho, fazer ou compartilhar comentários levianos sobre colegas ou a empresa em que trabalham nas redes sociais.

Pessoas bem informadas e seguras são peças-chave na manutenção do bem-estar de qualquer ambiente de trabalho e no crescimento das empresas.