Prevenção ao suicídio: por que somos todos responsáveis?
O tempo que você vai levar para ler as linhas iniciais deste texto será o suficiente para que ocorra um suicídio no país. Não, não é exagero. Os dados foram divulgados no ano passado pelo Ministério da Saúde e dão conta que, a cada 46 segundos, algum brasileiro se mata. As motivações são diversas. Mas grande parcela dos episódios gira em torno da depressão, que já acomete 12 milhões de indivíduos, quase 6% da população. A maior parte dos casos ocorre entre jovens de até 29 anos, sendo que mulheres são as que mais atentam contra a própria vida.
O assunto é pesado e complexo, mas vivemos tempos em que não há mais espaço para tabus. Quaisquer temática e informação relevantes passaram a ser discutidas e compartilhadas também nas empresas. Principalmente quando é o bem-estar do trabalhador que está em risco. É um trabalho importante, que, mesmo não tendo origem na rotina laboral, as empresas têm capacidade para desenvolver muito bem.
Desde 2015. O mês de prevenção ao suicídio, conhecido como Setembro Amarelo. Tem dado sua colaboração para disseminar esclarecimentos e detectar formas de enfrentar o problema nas organizações e na sociedade em geral. Também em dia 10/09, é lembrado o Dia Internacional da Prevenção ao Suicídio. O que comprova a relevância da questão na atualidade.
Por onde começar o debate?
Conflitos emocionais, crises familiares, perfil psicológico, insegurança nas ruas… A vida apresenta um caudaloso manancial de razões para afetar um indivíduo. Nesse contexto, a conduta das organizações pode fazer a diferença e cumprir um grande papel. Afinal, fazer com que o espaço corporativo se torne um aliado eficaz no combate ao problema traz vantagens para todo conjunto da sociedade.
As ações internas nas corporações são importantes, já que o trabalhador passa boa parte do tempo nelas. As empresas podem promover palestras ou encontros. Sempre com apoio de psicólogos, psiquiatras e membros de associações de apoio como o Centro de Valorização da Vida (CVV), para discutir o tema. Cientes dos principais sinais, os funcionários podem ficar atentos ao seu próprio comportamento e ao de seus companheiros de trabalho.
Tenha em mente que é possível que um único diálogo faça toda a diferença.
A organização pode direcionar aqueles colaboradores que estejam dando sinais de desequilíbrio emocional para avaliação. Se todos ficarem alertas ao comportamento do colega de trabalho. Há potencial para formar uma corrente solidária e atenta. Capaz de perceber e dar uma resposta positiva aos primeiros sinais de que há algo errado.
Divulgar internamente contatos de grupos voluntários, como o CVV (188), é recomendável. Assim como a distribuição de impressos ou a veiculação de conteúdo relacionado ao assunto em outros canais, sejam digitais ou físicos.
RHMED|RHVIDA valoriza práticas empáticas e solidárias
O Ministério da Saúde orienta que cada caso seja analisado de forma isolada e por quem entende profundamente o assunto. Por isso, uma das principais campanhas do Setembro Amarelo é mostrar como, por meio do diálogo e atenção. As pessoas podem se prevenir do suicídio e buscar ajuda de profissionais capacitados.
Falar sobre o assunto ainda é a melhor maneira de educar as suas equipes. A abordagem nunca deve girar em torno de fraqueza ou fracasso. Além disso, estão entre os fatores de risco aspectos emocionais e psicológicos, como isolamento social, inadequação e perdas de pessoas queridas. O medo do julgamento público e a falta de empatia devem ser combatidos, pois retardam o diagnóstico precoce e o combate à prática do suicídio.
Ao perceber que está amparado e valorizado na empresa, o colaborador se torna confiante para buscar orientação e ajuda no RH ou no departamento médico. Incentivar a convivência internamente estreita os relacionamentos sociais e gera uma atmosfera de companheirismo e solidariedade na organização.
O que observar e como ajudar?
– Os suicídios, quase sempre, são premeditados. Portanto, quanto mais cedo as intenções forem percebidas, mais chances haverá de evitar que ele aconteça.
– Os indivíduos que tencionam se matar, comumente, têm alterações de humor e comportamento. Ficam irritadas com facilidade, tristes, pessimistas e reclamam de tudo. Costumam se isolar e se sentem preteridas, hostilizadas ou injustiçadas por todos.
– É condenável desdenhar de alguém que expresse verbalmente o desejo de se matar. Julgamentos como “chantagem emocional”, “blefe” e “vontade de chamar a atenção” não colaboram em nada e ainda podem precipitar os acontecimentos. O ideal é ouvir atentamente e dizer somente coisas positivas.
– Perguntar sobre a intenção de suicídio não aumenta o desejo de cometê-lo.
– Pessoas com doenças psicossomáticas frequentes ou com alterações no apetite e no sono também merecem atenção.
– Aumento no consumo de álcool e/ou outras drogas pode ser um indício, assim como o consumo desregrado de medicamentos para dormir ou antidepressivos.
– Falta de atenção com a própria segurança no ambiente de trabalho, negligenciando equipamentos ou mesmo buscando práticas perigosas.
– Frases como “não faço falta para ninguém”, “melhor seria acabar com tudo logo”, “nada faz sentido”, “minha vida não tem jeito”, “sou um peso morto” e coisas assim são sinais de que algo está errado com o colaborador.
– Faltas frequentes sem justificativa ou comportamento sempre na defensiva também devem ser observados com cuidado.